A revolução das flores
- Juliana Machado
- 15 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de fev.
Os espinhos são os outros!

De todas as revoluções que ocorreram na vida minha, sem dúvida a maternidade foi a mais avassaladora, a mais irremediável, a mais completa transformadora daquilo que eu era para me tornar quem eu sou hoje. Não há amor maior, entrega maior, maravilhamento mais completo ou respeito mais absoluto do que o que eu descobri e continuo aprendendo todos os dias com as minhas flores.
Mas há também um lado muito amargo na maternidade, porque a sociedade cobra um preço muito alto pelo meu grande amor. É deixar de ser o centro das atenções e gentilezas da gravidez para ser esquecida e relegada a um lugar de serviço constante e nunca suficiente, ter de dar conta desse novo ser e tudo o que ele requer e ainda assim ser excelente em todos os outros temas da vida. E sorrindo. E magra. Não há espaço para imperfeições ou erro – eu não posso errar ou faltar. Porque se eu erro ou falto, são os meus amores que sofrem e isso eu não consigo aceitar...
E olha que eu falo de um lugar de muito privilégio por ser servidora pública, ter recursos financeiros para pagar uma boa escola e ter como esposo um verdadeiro parceiro na criação das nossas filhas (te amo mais ainda, meu amor). E ainda assim há um peso enorme, muita cobrança e muita solidão!
E, mesmo sendo tão difícil, eu jamais voltaria atrás. Viesse dor mil vezes mais profunda e carga mental multiplicada e eu ainda assim escolheria viver esse amor e essa aventura que é ser mãe das minhas crias. Porque quando estou com elas tudo faz sentido, a vida ganha cor, brilho e significado e eu sorrio de verdade e sou a minha melhor versão. A maternidade é uma potência e eu respiro essa potência todos os dias, não abro mão.
Com elas e por elas, no entanto, eu não fecho os olhos para os espinhos que vêm junto. Eu não posso. Esses espinhos não pertencem às minhas flores, não fazem parte delas – a maternidade não precisava ter esse lado tão amargo... O espinho é social, fruto de uma sociedade adoecida, que não reflete em suas escolhas, não reconhece seus valores e inverte prioridades, sem perceber que, com isso, faz mal a todos e pode ruir por dentro... e nós mulheres e mães vamos absorvendo tudo e todos, dando conta de mil assuntos, sabe Deus a que preço. Porque tem um preço, sempre tem e é a gente que paga.
Fica então aqui minha admiração e meu respeito por todas nós que topamos essa missão e a fazemos com garbo e afinco, todos os dias. Fica também meu pedido e o meu compromisso com as que virão de refletir que não precisava ser tão difícil assim... Que a nossa revolução das flores alcance e mude o mundo, com menos espinhos.
À minha mãezinha meu eterno agradecimento! Às minhas filhinhas, fechei com vocês, meus amores. Vamos juntas até o fim! Ao meu amor, se sou uma boa mãe, devo muito a você!
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Obs.: Adaptado do texto escrito no dia das mães de 2019.
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